Translate

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Fazendo mudança internacional via frete aéreo



Quem acompanha o blog sabe que recentemente nós voltamos de "mala e cuia" (como se diz aqui no Sul) pro Brasil. Depois de 3 anos e trazendo na mala um bebê de 9 meses, foi difícil trazer pouca coisa, por mais que tenhamos enxugado!!!! Logo ficou claro que só a franquia da companhia aérea seria pouco e optamos por um frete aéreo. Quando decidimos por este procuramos informações na web e encontramos quase nada. Normalmente quem fala sobre transporte e mudança internacional só comenta do frete marítimo e que se deve evitá-lo. 

Semana passada as nossas caixas chegaram e, com todo o processo finalizado, pedi ao maridão para escrever um texto para o blog do passo a passo já que foi ele quem movimentou tudo isso. 

Acompanhem abaixo o texto do Gustavo.

"Recentemente mudamos de Nantes na França para Porto Alegre no Brasil.



Quando se mora mais de 1 ano fora do Brasil o cidadão brasileiro tem isenção de impostos para trazer sua mudança de volta, desde que sejam itens usados. 



A fim de trazer algumas coisas que não seriam possíveis somente nas malas via companhia aérea, optamos por um transporte aéreo usando um agente de transporte em Nantes (Heppner).Para a opção de frete marítimo orçamos algo em torno de €1500, mas as complicações e custos de armazenagem no porto nos afastaram da ideia. Facilmente se gastaria mais de R$5000, talvez mais de R$10000 até conseguir a liberação de carga de pessoa física (informações que obtivemos de pessoal que lida diretamente com isso no Brasil).



Por via áerea, o processo incluiu um inventário com a listagem de todos os itens para cada caixa, nominação de cada item, incluindo categoria, quantidade, preço unitário e preço total quando agrupado. 



O custo desse transporte, tendo como origem Nantes/FR até Porto Alegre/BR, foi de €988 para 7 volumes totalizando 153Kg. Vocês podem se perguntar, e vale a pena? Bom, acima de 100Kg começa a valer, pois o orçamento para menos que isso não baixa de €700. Então o preço pago por Kg diminui na medida em que se coloca mais peso.



Comparamos esse valor com os cobrados nas aéreas por mala extra, e optamos pelo frete aéreo pois nos permitiu levar em caixas (o que foi bem mais barato que comprar malas) e com dimensões maiores que as especificadas pelas cias. Por exemplo, voltamos de TAP de Paris para Porto Alegre, e cada volume extra que levássemos como bagagem acompanhada nos custaria €150, com peso máximo de 23Kg por volume e dimensões máximas de 158cm somando altura, largura e comprimento da mala, com um limite de 2 volumes extras por passageiro. Ou seja, sendo um casal poderíamos levar em torno de 80Kg em mais 4 malas pagando €600, mas com dimensões restritas. Via carga aérea não temos limites de dimensões e o que mais importa é o peso.  



Outro detalhe é que não podem ir baterias e deve-se evitar trazer líquidos, pois nos informaram que pode acabar demorando mais na fiscalização/aduana. Também é crucial colocar como remetente e destinatário a mesma pessoa que está se mudando, caso contrário complica na Receita Federal.



Enfim, após fazer o inventário e fechar o orçamento com a Heppner, uma van foi pegar as caixas uma semana antes de partirmos. A princípio a Heppner faria o frete com a TAP cargo, mas esta não estava mais transportando monitores e TVs desde novembro, então foi escolhida a LATAM. O preço varia um pouco conforme a aérea, mas nada crítico. A partir daí não nos preocupamos mais com isso até a chegada no Brasil. Um documento chave nesse processo é o AWB (Air Waybill), também chamado no Brasil de “Nro de conhecimento aéreo” ou simplesmente “master” por algumas pessoas que falei ao telefone, e na França é o chamado LTA. Isso é como a nota fiscal da carga, e você fica com uma cópia da mesma enquanto o original vai com a mercadoria. Ali deve constar remetente e destinatário com o mesmo nome.



  Uma vez em posse da Heppner, a carga embarcou dia 09/dez de Nantes para Charles De Gaulle (Paris), e de lá somente no dia 14/dez embarcou para o Brasil, com destino para POA (Porto Alegre) entrando por GRU (Guarulhos/SP).  Sites como www.track-trace.com/aircargo permitem o acompanhamento da carga aérea através do número do AWB. Por ali vimos que dia 15/dez a carga chegou em Guarulhos. Daí começou uma espera que todos que lidam com Comex dizem ser “normal”. No dia 16/dez logo após a chegada da carga me ligaram da TAM pedindo o CPF, mas foi só. Após isso absolutamente nenhum contato foi feito. Após 5 dias, nada. Durante essa semana de 15 a 22 enviei um e-mail por dia para a TAM e para pessoal de transito da TAM em Guarulhos, sem retorno. Somente no dia 23/dez, uma semana após a chegada da carga, um funcionário do setor de transito da TAM em Guarulhos respondeu via e-mail que “Aguardamos a concessão do documento de transito pela alfandega”. 



Ok, fiquei tranquilo novamente, mas sem nenhuma novidade nos dias seguintes, resolvi consultar um pessoal que atua como despachantes em SP e RS. Para minha surpresa no dia 26/dez esse pessoal me responde afirmando que provavelmente a carga teria sido classificada como mercadoria nova pela receita em Guarulhos e teria-se que entrar com um processo administrativo para corrigir o problema, tendo então que me cadastrar no sistema RADAR, usado para acompanhamento e tracking de importações e exportações no Brasil, e esse cadastro/habilitação poderia demorar de 40 a 50 dias!!! Nesse momento liguei para eles dizendo que eu queria somente a averiguação da situação do transito em Guarulhos, que estava parado, mas insistiram que o cadastro era necessário e pediram para preencher procuração e outras documentações. Não preciso dizer que não comprei a história, uma vez que sabia que não era necessário tanta complicação para esse caso de mudança/bagagem desacompanhada. É lógico que pode ser feito com o cadastro no RADAR também, mas é como matar uma mosca com uma martelada… não precisa tanto (e mostrarei isso até o final do post). 



Antes de enviar qualquer documento comecei ligando para a Receita Federal no Salgado Filho em POA, mas eles não tinham muito o que fazer. Liguei então para a Receita Federal em Guarulhos, e apesar da pessoa não poder me dar muitas informações, me indicou o telefone do setor de transito internacional do aeroporto( 11- 2445-5187), onde se tinha acesso ao pessoal plantonista da Receita Federal e se tem exatamente o estado em que se encontra o processo. Ali me afirmaram que somente dia 22/dez a TAM entrou com o processo de trânsito (após 7 dias), mas não entregou toda a documentação necessária, que era o DTA com a fatura (documento de transporte aéreo). Então fui cobrar diretamente a TAM no setor de cargas no (11- 2445-5525). Quem me atendeu foi a mesma pessoa que respondeu o e-mail  alguns dias antes e ele admitiu que naqueles últimos dias estavam com falta de pessoal e por isso a demora para o transito da carga. Mas me garantiu que no dia seguinte, sexta 27/dez haveria uma pessoa para entregar a documentação completa no setor de transito. 



Liguei novamente às 17hs do dia 27/dez para o setor de transito e a documentação já havia sido entregue e a Receita Federal já havia liberado via canal verde o transito, no mesmo dia.



Só tenho elogios à atuação da Receita Federal, pois foram rápidos tanto em Guarulhos quanto em POA, como ficará demonstrado ao final do post sobre o processo em POA. Liguei então para o setor de cargas da TAM e me informaram que apesar da carga não estar agendada para o sábado seria colocada na lista para se agilizar o envio. Mesmo não tendo sido enviada durante o final de semana, na segunda dia 30/dez saiu de Guarulhos pela manhã, chegou em POA pelas 10hs e ficou disponível para desembaraço após as 13hs. Começa então a parte final para a retirada da carga.



O processo final para retirada no destino envolveu:



1) Retirada do AWB original na cia aérea, no nosso caso TAM

2) Apresentação dos documentos necessários na Receita Federal/Aduana e inspeção da carga junto ao fiscal,

3) Pagamento da taxa aeroportuária (ou um termo similar a esse) para a Infraero. Tudo pode ser feito no mesmo local, no terminal de cargas da Infraero junto do Aeroporto Salgado Filho no caso de POA.



Para o passo 1 foi necessário pagar a taxa de U$35 para a TAM, cerca de R$82 na cotação do dia, em dinheiro vivo.



O passo 2 foi a parte mais complexa, mas tenho só elogios ao Fiscal Leandro que me atendeu.



Primeiramente foram conferidos o remetente e destinatário no AWB (mesma pessoa), então foi conferido os tickets da aérea que voltamos (data e locais), passaporte, o inventário assinado e um documento emitido pelo Consulado do Brasil em Paris afirmando que moramos fora do Brasil com as datas (comprovação de estadia por mais de 1 ano fora do Brasil). Meu CPF também foi checado, e precisa estar válido, assim como o endereço registrado deve ser alterado para a residência no Brasil (basta acionar o seu Gerente de contas do Banco para tal). Feito isso e após alguns minutos fui chamado para a conferência da carga junto ao fiscal. Com o auxílio de um operador cada caixa é aberta e vasculhada, e fui identificando os itens. A intenção ali é a conferencia se os itens são realmente usados e não está sendo transportado nada fora do permitido. Após esse procedimento voltei a esperar algum tempo até o fiscal chamar para dar 3 vias do documento final, confirmar que está tudo ok, não tendo pagamento de imposto algum. Fui então para o passo 3, ao guichê da Infraero para pagar o custo de armazenagem, que no caso de mudança era bem em conta, em torno de R$15. Detalhe que como a Infraero é uma empresa estatal não podem aceitar dinheiro em espécie, mas o boleto que eles fornecem pode ser facilmente pago em uma maquina de auto atendimento do Banco do Brasil no mesmo local. Caso eu não fosse cliente do banco teria que sair do complexo para pagar o boleto. Feito isso, bastou me direcionar ao portão de acesso a área dos armazéns com o carro, entregar o comprovante do pagamento à Infraero e aguardar um operador vir até o carro com a carga, cerca de 10 ou 15 minutos. Todo o processo desde a chegada até a saída levou pouco mais de 2h. 



Enfim todo o processo havia terminado, e após entregar as caixas à Heppner dia 03/dez em Nantes retiramos elas em POA no dia 30/dez. Em meio a todo processo fiquei impressionado com a rapidez da Receita Federal, onde inicialmente achei que teríamos mais dor de cabeça, mas foi exatamente ao contrario. Foram ágeis em Guarulhos e receptivos em POA. A cia aérea LATAM, ao contrário, foi a principal responsável pela demora de 2 semanas para um simples transito em São Paulo, que poderia ter sido feito em questão de horas ou 2, 3 dias, e também deixaram o cliente sem retorno mesmo após repetidos e-mails enviados. Menos mal que quando cobrados via telefone agiram, mas foi frustrante saber que a cia aérea para a qual você está pagando caro simplesmente não dá a devida importância ao cliente.

  

Por fim, apesar de bem armazenados dentro das caixas, ficou claro que pelo menos duas caixas sofreram quedas bruscas, a ponto de quebrar algumas peças de vidro envoltas em plástico bolha e colocadas dentro de uma caixa metálica. Duas caixas metálicas foram amassadas e estragadas. É lamentável, para dizer o mínimo, uma vez que essas caixas estavam envoltas com faixas de “frágil”."

Quando o Gustavo fala que levou o inventário assinado é o seguinte, você precisa levar o documento original. Só que ele é uma lista que você fez no computador, o documento é seu, então, deve-se imprimí-lo e assiná-lo para mostrar ao fiscal que trata-se do "documento original".  

Também, é importante neste caso o pedido junto a Embaixada ou Consulado do Brasil no país que você estiver o documento atestando que você mora a mais de um ano fora do Brasil.. É muito importante que este venha indicando datas. Já lemos relatos de pessoas que receberam este documento só com uma declaração, sem a indicação de datas e tiveram problemas junto à Receita Federal.

Uma coisa importante a se destacar é que uma das únicas empresas aéreas que fazem voos pro Brasil que possui uma franquia de 2 malas de 32kgs quando a viagem é originária da Europa é a TAP, por isso optamos por ela e adoramos. Achamos até o espaço entre poltronas maior do que da AirFrance, fica a dica!!!!  

Na dúvida, nós guardamos e levamos junto no dia da retirada as notas fiscais dos aparelhos eletrônicos, para provar que eles não eram novos e que nós tínhamos comprado já a algum tempo.  Mas as mesmas não foram necessárias. Mas, nunca é demais.

Ainda estamos pensando se vamos pedir responsabilização da tranposrtadora com relação aos nossos itens avariados, mas, foram 7 volumes, sendo que um deles era a nossa televisão e em outro tinha um monitor e um console de video game e esses itens mais caros chegaram intactos. 

Não nos arrependemos da opção, acho que foi a melhor escolha sem dúvida. A única coisa que faríamos diferente é que embaixo de cada caixa, por dentro teríamos revestido com algo melhor para proteger os nossos objetos. Infelizmente, todos esses cuidados de nada adiantam quando o transportador não toma o devido cuidado e atenção com a carga.